Dia Internacional dos Trabalhadores

Lannoy Dorin

    Graças à Internet, temos hoje os controladores internacionais das notícias, que fazem das concessionárias de rádio e TV meras repetidoras das versões dos fatos que lhes chegam via computador. Assim, a versão de um acontecimento é dada do mesmo modo por todas as emissoras. E, na TV, no mesmo horário, porque um canal fica verificando o que o outro transmite ou transmitirá e procura imitá-lo.
    Com o controle da informação, as geradoras de versões são as grandes formadoras da opinião pública, sem que a maioria das pessoas reflita sobre a origem e o porquê da massificação.
    A par da desinformação, emissoras de rádio e TV deturpam o sentido das palavras, segundo os interesses das empresas operadoras. De modo que, por exemplo, não é o boneco ou boneca da TV que mente. Ele ou ela apenas lê o que o redator escreveu a mando da família que detém a concessão do canal, que é do Governo Federal.
    Uma prova do que dizemos foi dada no último 1º de maio. A mídia veiculou e repetiu n vezes que era o Dia do Trabalho. Era?
    O trabalho é uma abstração, uma idéia geral. O que existe de fato é o trabalhar dos trabalhadores. Então, pó que o Dia do Trabalho, festejado no Canadá e EUA na primeira segunda-feira de setembro? Porque nesses países de alienação secular procurou-se e procura-se encobrir o motivo de 1º de maio como feriado.
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Descontentes com sua exploração em número de horas de trabalho e salários, ferroviários de Chicago fizeram uma greve em 1877. E, a partir de então, ocorreram muitos distúrbios de origem trabalhista em várias indústrias nos anos de 1884, 5 e 6.
    Entre 1º e 3 de maio de 1886, 40 mil de trabalhadores cruzaram os braços. No dia 3, houve um conflito entre grevistas da indústria McCormick de colheteiras e os fura-greves. A política foi convocada pelos donos da empresa e, na confusão, 6 trabalhadores foram mortos.
    Mais tarde, houve outro confronto entre os chamados anarquistas dr várias empresas e policiais. Um oficial encarregado da repressão do movimento ordenou a seus homens que dispersassem os grevistas. E uma bomba foi arremessada entre os trabalhadores e os policiais, tendo 7 destes morrido e muita gente ficando ferida.
    Embora não se soubesse quem jogou a bomba, as autoridades induziram a maioria do povo a crer que os anarquistas eram os responsáveis. Destes, 7 (5 gráficos) foram presos, julgados e condenados à morte. A Corte Suprema do EUA manteve a sentença e logo 4 foram enforcados, um (carpinteiro de 23 anos) se suicidou, 2 tiveram sua pena convertida em prisão perpétua e o oitavo a 15 anos.
    Em 1893, o governador John Peter Altged perdoou os 3 sobreviventes, pois não havia de fato provas dos crimes a eles atribuídos. Logo depois, houve um movimento para abafar esses tristes acontecimentos e o 1º de maio, então tido como o Dia do Trabalhador, foi substituído pelo Labor Day, Dia do Trabalho, comemorado na primeira segunda-feira de setembro (Encyclopaedia Britannica, verbete Chicago).
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    O 1º de maio no Brasil seria comemorado em 1894 pelo líder italopaulistano Arthur Campagnoli. Mas houve a repressão policial e só 10 anos depois os trabalhadores puderam comemorar seu dia.
    Infelizmente, Getúlio Vargas, no período ditatorial, erroneamente e sob influência do fascismo, decretou como feriado o Dia do Trabalho, 1º de maio.

    Notas: 1. O nome greve (strike em inglês) vem do francês grève (areia ou cascalho). Na antiga Place de Grève, hoje Praça do Hotel de Ville, em Paris, os proletários se reuniam para reivindicar seus direitos. 2. A parede dos patrões é chamada de lock-out (fechar a porta, em inglês): a empresa é fechada durante o período que durar o conflito e até depois, recusando-se a dar emprego a qualquer operário. 3. Proletário é o operário que tem consciência de classe. Apenas o agrupamento de operários sem ideologia é multidão.

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