ABORDAGENS PSICOTERÁPICAS NO CASO ALEXANDRA – RASPUTIN


ABORDAGENS PSICOTERÁPICAS NO CASO ALEXANDRA – RASPUTIN


Talvez o caso Alexandra – Rasputin seja o mais interessante para explicar os principais tipos de abordagem que orientam o trabalho psicoterápico (analítico, existencial – humanista, ou fenomenológico, comportamental e cognitivo).
Grigori Iefimovitch Novikh, o Rasputin (devasso, em russo) nasceu na Sibéria em 1872 e morreu em 30/12/1916 na então capital russa, São Petersburgo. Era semi-analfabeto e “tarado sexual”, segundo seus biógrafos. Monge da seita dos flagelantes, estava na capital desde 1903. Com sua longa barba e olhar penetrante, dizia-se possuidor de poderes divinos. Sua fama cresceu tanto que a mulher do Imperador Nicolau II, a czarina Alexandra, o chamou para cuidar do filho Alexandre, o qual, por ser hemofílico, adoecera.
Sob os cuidados de Rasputin, o menino superou a crise. E graças a esse fato, o monge passou a dominar a czarina e o czar, a tal ponto que em 1916 conseguiu nomear Stooner como Presidente do Congresso, a Duma. Aí, cavou sua própria sepultura.
Após várias tentativas, foi assassinado pelo príncipe Iussupov e o grão duque Dimitri.
Em 1917, caiu a monarquia russa, e no ano seguinte os bolcheviques tomaram o poder. Mais tarde, ainda sob o comando de Lênin, criaram a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS, CCCP, em russo). A família real (Romanov) foi presa e todos fuzilados pelos soldados do novo governo.

ANALÍTICA (PSICANÁLISE E DERIVADAS)
Para analisar o domínio de Rasputin sobre a czarina Alexandra, teria que ser feito um histórico da vida dela desde menina (método clínico). Sua insegurança revelava uma personalidade imatura, talvez uma vida sexual insatisfatória e um certo e inadequado sentimento de culpa pelo filho hemofílico. Não se sabe que tipo de relação tinha com Nicolau II, que era o causador involuntário da doença do filho.
O analista buscaria a história de vida da czarina com seus pais e procuraria ir às causas de sua personalidade dependente, “histérica”, sugestionável. Da mesma forma, a do seu marido, o czar.
Personalidades fracas, mulher e marido foram dominados por Rasputin, e assim lavavam as mãos nos seus momentos conflituais. Eram inseguros, e, como tal, sujeitos ao controle do monge, como são hoje pessoas com transtorno de ansiedade que se entregam a pseudo-religiosos, os quais as exploram porque as dominam por sugestionamento.
Em Rasputin, o czar e a czarina encontraram um “pai” amado, temido ou idealizado, que tudo decidia, e passaram a viver neuroticamente sob seu comando. Principalmente Alexandra, racionalizava e sublimava seu relacionamento com Rasputin, um “santo”, pois salvara o filho dela, uma infeliz. O desfecho dessa prolongada farsa veio com o assassinato de Rasputin, a prisão e fuzilamento da família Romanov.
Esta abordagem (analítica) visa avaliar os mecanismos de ajustamento do cliente, sua história de vida e a motivação de ser o que potencialmente é por mantê-lo emocionalmente criança.

EXISTENCIAIS – HUMANISTAS (ou FENOMENOLÓGICAS)
O que interessa é a situação política de momento (insegurança) e a personalidade dos envolvidos na história. A personalidade deles era como atuavam. De Alexandra, o psicoterapeuta teria de avaliar: 1- como ela se via (auto-imagem); 2- como via seu mundo; 3- e o quê desejava da vida. Em seguida, discutir com ela sua visão distorcida da realidade e extrair dela mesma o lado positivo, auto-afirmativo de sua personalidade. O objetivo seria mostrar-lhe como seus pensamentos construíram um mundo irreal sob a influência de Rasputin, que usava a hipnose para mantê-la submissa, assim como seu marido e filho.
A abordagem fenomenológica, ou existencial – humanista, visa avaliar a motivação consciente e os sentimentos atuais de um cliente.

COMPORTAMENTAL
Esta abordagem não trata da personalidade, mas dos comportamentos de Rasputin, como ele, por acaso, caiu nas graças da czarina Alexandra. Ele fez baixar a tensão (ansiedade) dela “curando” o filho. A partir de então, mãe, pai e o próprio menino Alexandre passaram a viver sob o controle dele, que manejava como queria as situações e obtinha os comportamentos que desejava, reforçando-os positivamente.
Esta abordagem metodológica trata de estímulos e respostas, e não levanta suposições sobre variáveis intervenientes.

COGNITIVA
Nesta abordagem, o importante é traçar o perfil motivacional, afetivo e de crenças do paciente. Com esse quadro da czarina seria possível exigir dela mudanças comportamentais, desde que ela avaliasse os fatores subjacentes de suas falsas crenças, motivação irreal e insegurança emocional, que respondiam pelo enfoque irrealista de si mesma e do seu mundo.

De acordo com cada abordagem são empregadas técnicas específicas de análise das experiências passadas (Psicanálise e abordagens dela derivadas), análise existencial (fenomenológicas) e modificação de comportamentos e idéias (comportamental e cognitiva).















* Lannoy Dorin é professor e jornalista

1 comentário

My life em 23 de novembro de 2012 às 07:10

Excelente doutor Lannoy e quanto as profecias dele?